🐌 Nesse meu ano da experimentação, participei da Parteria de Projetos e Sonhos, um curso-laboratório conduzido pela Caroline Amanda, da Yoni das Pretas. Gestar um projeto e parir depois de nove meses foi muito intenso. Aprendi muito sobre mim mesma, sobre meus processos e sobre o que eu realmente quero fazer. E sendo essa newsletter de certa forma também um fruto da Parteria, decidi compartilhar com vocês algo que nasceu por lá também: o conto “A mata chama de algum lugar”.
Esse conto surgiu de uma proposta no quinto mês de Parteria: trabalhar em conjunto. Minha dupla, o artista Jess Godoy, me mandou um desenho e eu enviei para ele um conto: teríamos que criar a partir disso. Fiquei bem empolgada porque me lembrou muito da minha época de escrever fanfics, em que fazíamos desafios tentando incluir elementos totalmente aleatórios nas histórias. Me conectar a esse meu passado de escrita me trouxe muita energia e consegui escrever esse conto nas brechas de tempo na minha rotina louca.
Foi essa a arte que o Jess me enviou:
Espero que gostem e aproveitem essa leitura no aconchego da última lua nova do ano!
A mata chama de algum lugar
um conto de Melissa de Sá
Malina correu no escuro. Nos dormitórios do subterrâneo a iluminação era quase inexistente à noite. Tateou na escuridão, sentindo a espessura do ar, guiando-se não só pela memória da luz do dia, quando aquele labirinto fazia parte da sua rotina, mas pelo cheiro da terra, que ia diminuindo à medida que chegava no lance de escadas correto.
Os dedos de suas mãos formigavam levemente quando chegou à superfície. Respirou fundo ao ouvir o vento assoviar de leve pelas frestas das janelas de madeira e sentiu o corpo relaxar um pouco.
Ao invés de seguir pelo átrio principal, Malina foi por um dos corredores laterais. Ali as velas ainda competiam com as lamparinas de querosene, dando uma boa visão para as salas de aula e laboratórios de alquimia. Ela nunca tinha ouvido as pedras naquelas paredes desde que chegara naquele lugar cinco anos antes. Aquilo a deixava triste. Como tantas coisas ali.
Malina estava descalça. Não se incomodava com o chão frio. Ao contrário do que os mestres e mestras falavam, nunca tinha ficado doente por conta daquilo nem achava falta de respeito assistir aula sem sapatos. Quando tomou coragem para falar com uma das mestras que era difícil sentir a magia através do piso, mestra Adelma, que usava uma capa púrpura de veludo e chapéu pontudo mesmo no verão tropical, tinha dito que aquilo não fazia sentido. A magia estava na mente e o poder vinha do sangue.
Malina achava que fazia sentido, em parte. Deixou que a mestra compartilhasse uma risada com os colegas e não disse que sentia a magia não só entrando pelos seus pés, mas também pelos braços, pela barriga e pelo topo da cabeça.
Não contou que quando saía para os jardins ouvia a magia das flores. Que quando subia no terraço sentia, vindo com o vento, a poder da mata selvagem. Escutava aquela escuridão fazia anos, inicialmente como um sussurro, às vezes como um batuque insistente, mas era um chamado constante, fazendo seu pulso bater forte, lentamente trazendo uma loucura para seu coração.
Executava as melhores magias quando a mata selvagem cantava alto. Os mestres e mestras nunca tiveram muito o que dizer sobre seu desempenho, apesar das constantes críticas à sua falta de disciplina:
— Seus pais teriam dado tudo para estudar magia em uma instituição como essa. Você deve mostrar sua gratidão se esforçando mais.
— Sim, mestra.
Era o que ela sempre respondia, mas achava uma perda de tempo estudar os diagramas de feitiços. Toda vez que seguia um deles, sua magia saía de forma mais difícil e seu corpo ficava cansado. Se era para se dedicar aos livros, que fossem as biografias de magos e magas ao longo da história. Eles sim sabiam do extraordinário e sempre faziam as coisas de um jeito diferente, afinal, estavam nos livros. Mas uma coisa era ser Demérita Abbacus fazendo feitiços ao ar livre no interior da Escócia, outra coisa era ser mais uma aluna de uma escola de magia em Ouro Preto. Mesmo que essa escola fosse o Colégio Agripino para Jovens Bruxos e Bruxas.
Malina parou. Sentiu uma mudança no ar, agora impregnado com o aroma da magia austera que predominava em praticamente todos os mestres. Mais à frente no corredor viu que uma das salas à esquerda estava entreaberta. Uma fraca luz de vela saía por ali.
Deixou que os sons invadissem seu corpo: o vento lá fora, os mosquitos da primavera, os pássaros noturnos e os seres rastejantes. Concentrou-se um pouco para ouvir o que estava mais próximo: a madeira do piso rangendo e estalando, a própria respiração e a das pessoas que estavam dentro daquela sala. Eram duas. O barulho das roupas farfalhando era suave, já que aquela era uma noite quente.
Não precisou fechar os olhos para sentir a magia que emanava de quem estava lá dentro. Uma delas era tão forte que fez com que Malina sentisse uma leve dor de cabeça. Era a mestra Antônia. A mulher, alta, de cabelos grisalhos, era reconhecida como uma das maiores bruxas de Minas Gerais, e tinha um poder imenso que parecia gritar embaixo de sua pele.
— Eu já falei que não devemos meter os pés pelas mãos com coisas que não são nossas. Enquanto Augusto Prado se preocupa em trazer a tal eletricidade para as nossas escolas, enfrentamos algo muito mais perigoso.
— Os boatos são verdadeiros?
Silêncio.
Malina ouviu a voz da mestra de astronomia retorquir em voz baixa, mas não prestou atenção. Decidiu voltar pelo corredor, andando um pouco mais rápido.
— Espere — a voz de Antônia saiu firme. — Tem alguém aqui.
Só mesmo a bruxa velha para detectar uma presença.
Malina apertou o passo quando ouviu as duas mestras se mexerem dentro da sala e ganhou um corredor lateral, que dava para o refeitório. Se enfiou entre duas cristaleiras e decidiu esperar.
Durante muito tempo tinha imaginado fazer aquela jornada com Clarice. Ela que era tão preparada, que tinha até feito as malas, embora Malina soubesse, no fundo do coração, que nunca as levariam.
Uma parte sua não queria recordar o pôr do sol, algumas horas mais cedo, quando Clarice tinha dito que não iria com ela.
— Você não quer saber o que tá lá fora te esperando? — ela tinha dito para a amiga.
— O que está te esperando, Malina.
Clarice sempre fora direta. As duas tinham passado muitas noites discutindo a natureza daquilo que só Malina parecia ouvir. Entre as cobertas, com as vozes não passando de um sussurro, falavam do que havia no mato.
Malina ainda se lembrava de uma Clarice novinha perguntando:
— É um familiar? Tipo um lobo-guará ou um gato do mato? Vai ver é uma onça. Não ia ser ruim.
— Não sei. Mas uma onça brava talvez já tivesse vindo me buscar, né?
As duas riram naquela noite como riram em muitas outras. Mesmo que o olhar de Clarice fosse sempre um tanto quanto triste. Sua pele parda, um pouco mais clara que da própria Malina, brilhava de um jeito bonito à luz da chama da vela. Ela, que era toda lucidez, com aqueles olhos castanhos brilhantes e cabelo enrolado em tranças de dormir. Clarice sabia todas as respostas nas aulas e seria uma grande bruxa. Existia um pulsar nos seus ossos. Ela sentia o chamado também, talvez só não soubesse o nome.
— Meu lugar é aqui — ela tinha dito enquanto o sol baixava no horizonte.
As duas se olharam um longo tempo até que Clarice abraçou a amiga. Malina passou as mãos meio desengonçadas em seus cabelos, sentiu o cheiro de magia e apertou sua nuca.
— Você sabe como me chamar — murmurou no ouvido da amiga.
Malina se lembrou de como o silêncio as tinha envolvido então. Concentrou-se naquela sensação, a de estar envolta pelo abraço digno da escuridão. Fechou os olhos e sentiu seu corpo emitir uma energia densa. Quando mestra Antônia passou por ela, não teve medo. Sabia que tinha se tornado uma com o escuro a sua volta.
Após esperar algumas respirações, quando os passos da mestra estalavam já em outros corredores, atravessou a porta que dava para a cozinha. Ali, sentiu a aura que conjurara para si evanescer ao se lembrar das excursões noturnas com as amigas para pegar queijos e bolos com mel. Antes de atravessar a porta de saída, tirou o molho de guiné que estava pendurado. Agradeceu a planta. Tinha tido uma boa vida ali. Uma vida melhor do que sua família jamais poderia sonhar, mas era hora de ir.
Quando colocou os pés no cascalho da horta, Malina sentiu seu corpo ser tomado por um poder imenso. Resistiu à tentação de se enfiar entre as couves e alfaces, e seguiu pela parede branca do casarão colonial que era a escola. Contornou o edifício até uma das laterais, onde ficava um dos jardins. O cheiro das rosas tomava conta de tudo àquela altura da noite.
A lua, um pouco passada da nova, aparecia muito tímida no céu. Malina seguiu sem medo por entre as hortênsias, dálias, palmas de Santa Rita e antúrios. Evitou os caminhos de pedra elaborados que contornavam o lugar, preferindo pisar na grama úmida da madrugada. Lembrou-se dos primeiros anos na escola, em que passava tanto de seu tempo sentada em meio àquelas flores, molhando a ponta dos dedos na fonte, enquanto fugia da imensidão de madeira e pedra. Aquele lugar aquecia seu coração com o zumbido calmo das flores, mas sabia que aquilo não abafaria o que ouvia todos os dias. Precisava contornar a lagoa e ir de encontro ao chamado da mata.
— A senhorita parece que sabe muito bem aonde vai.
Malina parou de chofre. Não tinha ouvido nem sentido a presença de ninguém no jardim. No entanto, uma figura vinha caminhando devagar a fim de cortar seu caminho.
— Quem é? — perguntou, pela primeira vez com medo.
— Você não sabe? — a voz soltou uma risada rouca. — Parecia um bichinho tão seguro andando pela escola à noite...
A jovem franziu a testa, mas não ousou se mover. Deixou que a figura se aproximasse. Só quando já estavam muito próximas conseguiu divisar os contornos de Ifigênia Constância, mestra das ervas e guardiã dos jardins.
— A senhora... eu... eu...
— Me poupe as desculpas, menina — disse a mestra, balançando uma das mãos com impaciência. — Você é boa, é verdade, mas foi descuidada.
— Eu não ouvi a senhora — Malina falou, com genuína surpresa.
— É claro que não. O seu ouvido é bom... só que meus pés já andaram muito mais.
A mestra deu uma boa risada, como se não importasse que alguém a ouvisse. Era uma mulher negra alta que vestia uma camisola cor de creme bastante elegante, e os cabelos, já bem grisalhos, estavam presos com grampos embaixo de uma touca de algodão. Tinha uma presença firme com os pés descalços na terra. Malina olhou para os próprios pés e sentiu vergonha.
— Bobagem — falou a mestra como se lesse sua mente. — Você é impaciente, como são as moças novas. Muito bem. O que vai fazer agora?
— Mestra, eu só precisava tomar um ar à noite.
— Me poupe das bobagens que contaria para Antônia. Me diga o que está fazendo aqui fora, Malina. Me diga com verdade.
Não soube o que dizer. Não sabia que mestra Ifigênia Constância sabia seu nome.
— Não ache que é a primeira a sair dessa escola no meio da noite. Algumas vão atrás de namorados na cidade, outras retornam para o brio de suas famílias. Poucas saem por princípio. Menos ainda por algo que valha a pena.
— A senhora vai me denunciar pra mestra Antônia?
Ifigênia Constância riu de novo:
— É essa sua maior preocupação?
— Não — disse Malina com estranha convicção.
— Finalmente optamos pela verdade, então. Aproveite e me conte, o que está fazendo?
Malina pensou em falar sobre como era grata pela oportunidade de estudar ali, mas que sabia que precisava estar em um lugar outro, pelo menos por um tempo. Que talvez um dia voltaria, não sabia muito bem, mas que compensaria a todos pelo transtorno que tiveram com ela ao longo dos anos. Ao invés disso, disse:
— Tem alguma coisa me chamando na mata.
A mestra se aproximou dela e seus olhos eram sérios e fixos. Malina emendou, ansiosa:
— Eu não sei explicar. Eu escuto desde que cheguei aqui.
— A mata não é lugar para uma moça descuidada à noite, isso eu posso te garantir.
Malina sentiu algo dentro de si afundar. Sabia muito sobre plantas e animais, é verdade, e tinha morado com sua avó quando criança perto do ribeirão. Era boa em feitiços também e tinha uma intuição afiada, mas a mata selvagem era outra coisa.
— Você não trouxe nada?
— Não — e sentiu-se uma tola assim que as palavras deixaram sua boca.
— Você não tem medo? — perguntou a mestra.
De repente Malina teve certeza de que deveria ter prestado mais atenção nas aulas nos últimos anos e levado pelo menos um livro de feitiço. Sim, pelo menos um manual básico para poder consultar quando tivesse dúvida. E também um grimório de ervas ou um bestiário. Podia ter escutado Clarice e se preparado, ela sim saberia muito bem o que fazer.
Lembrava de um dos meninos, um dos amigos de Ana, falando sobre acampamentos na mata, coisa que os meninos da cidade faziam por diversão. Eles sabiam levantar uma tenda, acender um fogo sem magia nenhuma, e ficar vários dias numa clareira em segurança. Talvez devesse ter perguntado alguma coisa a um desses meninos. Mestra Antônia tinha razão. Ela nunca prestava atenção nas coisas que deveria. Nunca se preparava para o que era necessário.
De repente, sentiu o frio do jardim à noite subindo pelos pés. Quis prender o cabelo e colocar um xale nos ombros. À sua frente, mestra Ifigênia a encarava com uma das sobrancelhas erguidas. Uma brisa soprou mais forte e Malina tamborilou os dedos no ritmo. Foi como um estalo na coluna.
— Do que mais eu preciso?
A mestra abriu um grande sorriso:
— Tem coisas que só o mato tem pra contar.
Só então Malina percebeu a magia que vinha de Ifigênia Constância. Não era uma represa nem uma presença avassaladora. Era o conforto de quem tinha se deixado mostrar e perceber.
— A senhora já foi lá, não foi? Já fez essa viagem.
— Fazer — repetiu a mulher, bem devagar. — É um verbo interessante.
— Eu sei! Sou como você. Minha avó mexia com as ervas e eu aprendi que...
— Por isso mesmo você deve saber que não é só fechar o olho e pegar uma erva. Há poder no rigor, na diligência. Tiramos sabedoria da escuridão, sim, mas também da luz. Mas você é jovem e a magia chama.
Antes que Malina pudesse fazer qualquer coisa, Ifigênia Constância colocou as mãos em sua cabeça, murmurou alguma coisa, deu as costas e foi andando devagar em direção à lagoa.
— Mestra Ifigênia — chamou Malina sem gritar.
— Quando voltar, não deixe de vir tomar um chá comigo, Malina. — respondeu a mestra, sem se voltar para ela. — Você mais que ninguém sabe o quão entediante é esse lugar.
A jovem observou Ifigênia Constância desaparecer na escuridão, sua presença aos poucos se tornando imperceptível aos sentidos de Malina. Foi então que a jovem apressou o passo, deixando o vestido se abrir com o vento, a pele sentir o impacto da brisa fresca. Ao se deparar com os primeiros jequitibás, respirou fundo, baixou a cabeça, e entrou por entre os arbustos e árvores.
Ela correu em direção à mata com os pés descalços e a boca aberta. Não havia certo e errado naquele momento, apenas a pulsão da vida. E atrás dela Malina foi.
Não teve medo do escuro. Na verdade, seus olhos estavam aliviados de finalmente poder enxergar no mato. Sentia alguns animais pequenos se mexendo, curiosos, enquanto deixava seu corpo ditar o caminho. As sombras, encarava com respeito, e por hora estava segura. Quando sentiu as pernas doerem da caminhada intensa e a respiração ficou ofegante, parou. Ouvia o próprio coração fazendo ritmo com os insetos.
Estava em um lugar onde a mata se abria e a terra estava encharcada. A luz da lua entrava pelos galhos mais altos das árvores, tímida, mas resoluta, deixando muito claro que havia magia ali.
Malina limpou as lágrimas com o dorso da mão suja e andou, enquanto tentava manter a coluna reta, para o centro da clareira. Seus pés afundavam na terra. De súbito, sentiu o que deveria fazer.
Agachou no chão, de cócoras, depois enfiou as mãos naquela mistura de terra e água. A magia era tão forte que ficou levemente tonta. Escorria por sua pele e sangue como seiva; molhava sua cabeça como água de cachoeira.
Riu de boca aberta, segurando a barriga. Enfiou as mãos na terra novamente. Quando retornou, percebeu que um pequeno caracol se mantinha firme em uma de suas unhas. Olhou mais de perto o pequeno animal. Malina percebeu sua indiferença e leve empáfia. Riu ainda mais. O bichinho não lhe deu bola. Tudo bem. Malina sabia que iam se entender.
Sua concha de bicho mole continha vários desenhos que ali, no escuro, pareciam ser flores. Ou buracos de vazio. Ou talvez fosse apenas a imaginação sob a luz da lua. Sabia pouco sobre criaturas como aquela. Teria que ter paciência.
— Eu sou Malina — ela disse. — Acho que foi você que me chamou aqui.
A criaturinha não respondeu, mas continuou firme em sua unha. Ele iria com ela. Malina sabia. Naquele momento, o chamado da mata tinha parado. Depois de tantos anos.
— Obrigada — ela disse sem perceber que não tinha mexido a boca.
O caracol se enfiou para dentro da concha.
Era hora de irem embora.
Adentrou mais fundo na mata.
Travessias de fim de ano:
✨ Nesse fim de ano de calendário, gostaria de agradecer muito a vocês, leitoras e leitores, que me acompanharam aqui nessa newsletter em 2024! Esse espaço cresceu e sinto que criamos um lugarzinho gostoso na internet por aqui. Obrigada pela confiança de cada um de vocês e nos vemos na próxima lua!
✨ Também agradeço à Caroline Amanda e à comunidade da Yoni das Pretas, que me trouxeram um reencontro profundo com o planejamento sazonal e com a criatividade orgânica, assuntos que estão sempre aparecendo por aqui. Para quem se conecta com essa temática, recomendo muito o trabalho da Carol, que é feito com muita seriedade e magia.
🌑 Estamos entrando na última lunação do ano! O ano novo lunar começa em 29 de janeiro, então ainda temos tempo para finalizar nossos processos e absorver o que precisamos desse ciclo. Como estão as travessias?