🐺 Você é do tipo que clica correndo nesses títulos mega empolgada e sorridente? Ou fecha o pop up pra ler quando estiver pronta?
Ao contrário do que eu gostava de falar pra mim mesma nos meus 20 e poucos anos, eu amo rotina (nessa época eu me enganava muito, inclusive com meu guarda roupa). É bem cool nessa idade dizer que não aguentamos ficar parados, que queremos sempre mudanças. Afinal, vida, bora lá, sou do mundo. Mesmo sabendo que a verdade menos legal é que gostamos de comer um café da manhã com poucas variações, assistir os mesmos filmes por conforto e ter uma vida estruturada pra manter a saúde mental em dia.
Eu nasci velha. Fazer o quê. Eu sempre soube disso. Uma das minhas melhores anedotas (olha aqui a escolha de palavras idosa) é de ter dormido em uma boate. Não só uma boate comum, mas na maior boate do meu estado, um lugar que era mega concorrido na época, e eu só encostei num canto e dormi. Cochilinho simples assim com o batidão estourando. Eu canso rápido. Sou devagar. Gosto de fazer maratona com a versão estendida de O Senhor dos Anéis no conforto do meu sofá. Várias e várias vezes. Eu releio livros. Como as mesmas comidas de segurança. Só falta aprender crochê.
O que a Melissa de 20 e poucos anos não queria admitir é que ela precisava da rotina para quebrar a rotina. E na verdade é disso que ela gostava. A paz de seguir aquele fluxo pra de repente fazer uma viagem inesperada . Ter as coisas planejadas pra que quando algo novo vem, esse algo chegue bem acolhido. A mesmice que guarda a chance de poder jogar tudo pro alto de cara lavada.
Então a frase “vem novidade por aí” me deixa inquieta. Principalmente se sou eu por trás dos panos. Que vai ser de mim quando essa novidade minha for pro mundo? Onde é que a novidade vai se encaixar na minha vida? Que tipo de pessoa eu vou ser quando e se essa coisa se incorporar em mim? Minha irmã tá esperando um bebê, pelo amor da deusa, e eu estou aqui refletindo se eu estou na expectativa.
Chegou a hora dizer pra vocês que tem novidade vindo aí. Não, não é um bebê. Depois dos trinta todo mundo acha que é isso. Mas anunciar a novidade é um grande passo pra mim. Não porque eu seja uma pessoa blasé que tá de boa com tudo, mas porque eu sofro vendo filme de suspense. Xingo, passo mal, mas reconheço o valor de construir expectativa. Tanto que até voltei pro Instagram.
Tá, voltar é uma palavra forte. Estou mais é organizando a casa e postando timidamente nos stories (se você não viu, me segue por lá e seja o que a deusa quiser) sobre a novidade que vem aí. Que ousada rs.
O problema de gostar de rotina é que a gente se apega a ela e esquece a parte boa que é sair desse lugar. Esquece que às vezes é bom ir atrás da novidade. Não existe muito isso de estar pronto. O que existe é ter o mínimo de estrutura para deixar a fresta da porta aberta pra algo novo. Que pode ser ruim ou pode ser muito legal.
Então bora postar na rede social, mas com moderação, até porque tem recurso lá no Instagram agora que eu nem sei mexer. Tô me sentindo uma mistura da velha que não sabe onde clicar na tela e a velha que quer reclamar porque as coisas não são mais as mesmas.
No mais, fiquem atentos à lua.
Inquietações:
✍🏽 Como continuar e falar sobre outras coisas em tempos de desastre? Essa foi uma pergunta que me fiz enquanto finalizava a edição dessa news. Mas aí me lembrei dessas palavras que chegaram no meu e-mail uns meses atrás. Tomei a liberdade de fazer uma tradução livre de um trechinho:
Existem tantas razões pro luto nesse momento - coletivamente & pessoalmente. Dos genocídios em Gaza, Congo, Sudão & mais lugares, à epidemia de solidão. Luto é um filho da puta. E é um portal. Para saber com quem & com o quê nós nos importamos. E, talvez, por quê. Para estar com a verdade do que é. E, talvez, do que poderia ser. Para aprender como transmutar nossa dor em poder. E, talvez, uma conexão mais profunda conosco & com todos os outros.
— Da newsletter da ativista
, .Sobre a tragédia no Rio Grande do Sul mais especificamente, recomendo textos de duas newsletters que me tocaram muito:
A inquietação é que a vida continua em meio à tragédia, mesmo que ela seja próxima, e que podemos fazer a nossa parte. Nesse momento, doe. Se a vida te foi generosa em algum momento, é hora de retribuir.
Para os criativos de plantão, a
está coordenando um aulão beneficente de escrita em que toda a arrecadação será convertida para organizações da sociedade civil que atuam diretamente com a linha de frente no RS neste momento. Para saber mais, clique aqui.🌑 Hoje é Lua Nova. Estamos começando a quarta lunação do ano. O que tem te inquietado?